Da arte mural à tela de smartphone: Portinari para todos, no MIS, insere Candido Portinari na geração digital

2022

Fazendo jus ao propósito do Projeto Portinari de trazer o legado pictórico e humanista do artista ao encontro da contemporaneidade, a exposição Portinari para todos, no Museu da Imagem e do Som (MIS) em São Paulo, proporciona uma perspectiva tecnológica do testamento de Candido Portinari à humanidade. Primeira mostra imersiva de um artista brasileiro, a exposição demonstra que, se para Portinari o muro era o espaço mais adequado para a arte social, na mesma medida o ambiente digital, no século XXI, firma-se como esse espaço por excelência.

“Você tem toda uma geração que nasceu na era digital e já é público. O xis da questão é como conseguir fazer conteúdos que sejam relevantes usando essa linguagem. É o grande desafio”, afirma Marcello Dantas, curador da mostra, em entrevista concedida à Folha. “Se as pessoas têm interesse em visitar massivamente exposições imersivas e inclusivas, nós temos de responder criativamente a esse interesse”, continua, acrescentando que, no entanto, “interativo não é apertar a tela touch screen”.

A proposta imersiva de Portinari para todos faz coro a um movimento de diálogo com um público jovem e hiperconectado, iniciado em maior escala a partir do fechamento dos museus pela pandemia de Covid-19.

Desde mostras como “Beyond Van Gogh” no Morumbi Shopping até o Museu São Pedro, no centro histórico de Itu ‒ que se prepara para uma inserção em um metaverso com salas expositivas virtuais, nas quais NFTs (tokens não-fungíveis) tomam o espaço das tradicionais obras de arte ‒, o mercado artístico, para Marcello Dantas, acompanha a crescente digitalização das relações. “A arte segue o caminho para onde vai a expansão da sociedade. O novo dinheiro que está sendo criado no mundo hoje é nascido especulativamente dentro de oportunidades digitais”, declara.

 
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